Conservação
Conservação
Os impactos humanos nos rios portugueses são imensos. Desde a poluição, destruição de habitats, sobrepesca, construção de barreiras físicas (açudes e barragens), sem esquecer a introdução de espécies exóticas que competem com ou predam as espécies autóctones, e que representarão hoje, provavelmente, a maior ameaça à fauna portuguesa.
A riqueza de fauna e flora presente nos ecossistemas aquáticos, tanto de água doce como marinhos, são o reflexo evolutivo da capacidade de adaptação a vários habitats de características únicas. Em termos ambientais, os ecossistemas aquáticos funcionalmente intactos prestam serviços de grande valor, pois são responsáveis pela reciclagem de nutrientes, purificação da água e possuem um papel relevante relacionado com as alterações climáticas. O Fluviário de Mora assume a missão de dar a conhecer e valorizar esse valioso património. A colaboração do Fluviário, e de outros parques zoológicos e aquários, com agências de conservação nacionais e internacionais, com departamentos governamentais, e com as comunidades locais, pode resultar em soluções sustentáveis a longo prazo, pois encontra-se numa localização privilegiada, em plena Rede Natura 2000 – o Sítio de Cabeção – para dar a conhecer e experienciar de forma íntegra os aspetos da conservação.
O Sítio de Cabeção é caracterizado por uma planície levemente ondulada sobre solos arenosos, onde o coberto vegetal é essencialmente constituído por montados de sobro bem conservados, aos quais está associada uma utilização pecuária extensiva. Ocorrem também alguns montados de azinho.
A área de montado assume um papel relevante para a conservação de Halimium verticillatum (este Sítio alberga mais de 60% do total comunitário da espécie), favorecendo igualmente a presença do rato de Cabrera (Microtus cabrerae). Saliente-se também a presença de charcos mediterrânicos e urzais-tojais higrófilos e termófilos de Erica ciliaris, neste caso com a presença adicional de Erica erigena. Esta paisagem é cortada por alguns vales aplanados, onde se podem observar bosques ripícolas, sobretudo salgueirais.
Em Julho de 2009 foi firmado o Núcleo de Investigação do Fluviário de Mora (NIFM) em estreita articulação com a Universidade de Évora. É uma unidade com competências nos domínios das Ciências e Tecnologias do Meio Aquático, e tem por objetivos principais a realização de investigação fundamental e aplicada na área dos ecossistemas aquáticos continentais, nomeadamente dulciaquícolas e de transição, em particular das suas aplicações à conservação dos recursos aquáticos nacionais; a participação em projetos e programas de I&D nacionais e internacionais, promovendo o intercâmbio e transmissão do conhecimento científico, tecnológico e cultural acumulado; a prestação de serviços à comunidade; a associação e colaboração com instituições ou organizações nacionais e estrangeiras que prossigam objetivos semelhantes, de natureza pública ou privada. Desta forma, o NIFM tem vindo a colaborar nos seguintes projectos e iniciativas:
Prémio Fluviário – Jovem Investigador. Esta iniciativa pretende distinguir um aluno (PhD, MSc, Lic.) que tenha publicado como primeiro autor um artigo (revista SCI) no ano a que se refere o concurso na temática conservação e biodiversidade de recursos vivos aquáticos.
Reabilitação dos habitats de peixes diádromos na Bacia hidrográfica do Mondego. Projeto co-financiado pelo Programa Operacional Pesca 2007-2013 (PROMAR).
Apoio técnico e científico para avaliar a eficiência e a eficácia da passagem para peixes (PPP) construída no Açude Ponte Coimbra, no âmbito das exigências da lei da água, da diretiva-quadro da água e do regulamento (CE) N.º 1100/2007. Projeto financiado pela Agência Portuguesa do Ambiente, I.P. (APA).
ECOFLOW – Efeito ecológico do regime hidrológico na comunidade piscícola dos rios Portugueses”. Projeto financiado pela EDP – Energias de Portugal, S.A, no âmbito da edição de 2011 do Fundo EDP Biodiversidade.
Avaliação do sucesso do recrutamento das principais populações portuguesas de P.marinus por biotransformação, marcadores de stress e transporte iónico em juvenis na fase de migração trófica (RECRUIT). Projeto financiado pela FCT (PTDC/BIA-BEC/103258/2008).
Plano Nacional de Conservação da lampreia-de-rio e da lampreia-de-riacho. Projeto financiado pela EDP – Energias de Portugal, S.A, no âmbito da edição de 2008 do Fundo EDP Biodiversidade.
O Fluviário de Mora continua a perseguir a sua missão científica e pedagógica, abraçando o património natural português. Na senda dos esforços que tem envidado junto da tutela (ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e Florestas) para integrar a estratégia de recuperação do pequeno Saramugo (Anaecypris hispanica), espécie endémica da bacia hidrográfica do Rio Guadiana, o Fluviário de Mora abre agora portas a uma espécie recentemente descoberta na bacia do Rio Tejo – Iberochondrostoma olisiponensis e nome comum Boga-de-boca-arqueada-de-Lisboa, em estreita articulação com o MARE (Centro de Ciências do Mar e do Ambiente).
O principal objetivo do projeto LIFE Águeda é a eliminação de pressões hidromorfológicas identificadas na área de implementação do projeto, ou, na impossibilidade da sua total eliminação, a mitigação substancial dos seus efeitos. As ações do projeto vão no sentido de restabelecer um bom estado ecológico, na aceção da Diretiva-Quadro da Água (DQA) e do Plano de Gestão de Bacia em que a região se enquadra, abrangendo ainda várias outras políticas e diretivas europeias, como a Diretiva Habitats, a Diretiva Inundações, a Estratégia Europeia para a Biodiversidade, o Plano de Gestão da Enguia-Europeia e a Política Comum de Pescas.
Para atingir os objetivos a que se propõe, o LIFE Águeda inclui a integração de soluções demonstrativas e complementares para a renaturalização e recuperação do leito do rio e das galerias ripárias associadas. A par com o caráter demonstrativo das ações do projeto, o LIFE Águeda apresenta também soluções-piloto inovadoras, estabelecendo medidas com elevada relação de custo-eficácia para responder a necessidades de monitorização preconizadas na DQA. As intervenções programadas, ao promover uma melhoria na qualidade do habitat da bacia hidrográfica do Vouga e ao mitigar o efeito de obstáculos que estejam a limitar o habitat disponível, irão sobretudo, mas não só, beneficiar espécies piscícolas migradoras de elevado valor socioeconómico e conservacionista, como é o caso do sável, da lampreia-marinha e da enguia-europeia.
De entre as várias ações que serão conduzidas durante o período de implementação do LIFE Águeda, são de destacar:
– a instalação de passagens para peixes naturalizadas nos rios Águeda e Alfusqueiro e remoção de obstáculos identificados e para os quais não foi reconhecido uso atual;
– a renaturalização do leito do rio e a recuperação dos habitats aquáticos e terrestres associados, a par da renaturalização das galerias ripárias, com controlo e irradicação de espécies invasoras e replantação/recuperação de vegetação autóctone;
– a elaboração e execução de um programa-piloto de translocação de juvenis de enguia-europeia, como forma de mitigar os efeitos de obstáculos intransponíveis no Rio Vouga sobre a migração desta espécie;
-o desenvolvimento de uma aplicação móvel que permitirá reunir dados sobre a distribuição das espécies piscícolas alvo do projeto, através do envolvimento voluntário de pescadores recreativos, complementando também necessidades de monitorização estabelecidas pela DQA;
– a promoção da valorização do pescado proveniente da bacia do Vouga, através da criação de um Selo de Origem e do desenvolvimento de um sistema-piloto de “Lota Móvel” que validará essa certificação.
O projeto LIFE ÁGUEDA integra como beneficiários um conjunto de entidades parceiras que, sob a coordenação da Universidade de Évora e apoio técnico-científico do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, apresentam competências específicas em domínios complementares que, globalmente, contribuirão para melhor atingir os resultados propostos: o Município de Águeda, o Município de Mora, através da equipa responsável pelo Fluviário de Mora, a DOCAPESCA – Portos e Lotas S.A., e a a AQUALOGUS – Engenharia e Ambiente, Lda..
Com um financiamento total de cerca 3,3 milhões de euros, o projeto é financiado a 60% pelo Programa para o Ambiente e a Ação Climática (LIFE), e cofinanciado pela EDP – Gestão da Produção de Energia S.A.. Mais recentemente, o LIFE Águeda recebeu o apoio de um novo mecenas, através de um protocolo de colaboração estabelecido com a NAVIGATOR Pulp Cacia, S.A..
As espécies exóticas são uma das principais ameaças aos ecossistemas aquáticos em Portugal. Algumas destas espécies exóticas são peixes, que invadem os nossos rios e barragens sem que ninguém se aperceba.
Porém, alguns destes peixes produzem sons, que podem ser detetados. Sabemos, que de entre das 30 mil espécies de peixes existentes mundialmente, quase mil espécies de peixes produzem sons. As mais conhecidas são a Corvina e o Xarroco, mas outras espécies como o Siluro, o Achigã, a Perca-europeia e o Chanchito podem produzir sons.
Os sons emitidos por peixes exóticos podem ser utilizados na sua deteção, determinação do seu habitat e até para estimar a sua abundância nos rios e nas barragens.
O projeto SONICINVADERS resulta de uma parceria entre MARE e o Fluviário de Mora, e tem como principal objetivo o estudo da deteção de espécies exóticas pelos sons que produzem.
Assim, pretende-se apresentar aos visitantes do Fluviário os sons produzidos por espécies de peixes captados no decorrer deste projeto. Está, portanto, convidado a embarcar numa visita ao mundo subaquático tendo o som como ponto de partida.