Fluviário de Mora
21 de Dezembro de 2023
Pelos trilhos sempre verdes

Lá fora, no Parque Ecológico do Gameiro, há mansos e bravios.

Gretados e rugosos, exibem sem inibições as cicatrizes da sua longevidade na casca endurecida pelas provações de uma vida. Jamais o poderíamos afirmar ao contemplarmos a copa viçosa, de ramos erguidos para o céu, que cada folha se esforça por alcançar num ato de invencibilidade.

Diz uma tradição local que, ao lado do Parque Ecológico do Gameiro, no Pinhal de Cabeção – em tempos antigos propriedade dos habitantes da vila de Cabeção – teriam doado esta mata à Coroa para livrarem os seus filhos de irem para a guerra – numa atitude de grande pugnacidade. Esta tradição encontra-se parcialmente registada num documento de 1831, embora todos os demais afirmem que o Pinhal de Cabeção e a própria vila fora propriedade da Ordem de Avis, de acordo com os autores Maria Ângela Beirante e Cândido Beirante em “O Pinhal de Cabeção, Memória Histórica”.

As tradições e as memórias podem ser imortais, tal como as árvores que desafiam abertamente o Inverno e são conhecidas por “sempre verdes”, de que são exemplo os pinheiros e, por isso, símbolos de imortalidade.

Tanto o pinheiro-manso (Pinus pinea) como o pinheiro-bravo (Pinus pinaster) estão longe da imortalidade. Essa é apenas assegurada pelos pinhões preciosos, de que as pinhas respetivas são guardião, mantendo-os a salvo da chuva-fria, vento e, até de predadores, enquanto aguardam o regresso dos dias longos e amenos.

Também muitos de nós aguardam o fim das longas noites, que terminarão com o solstício de Inverno, um dia de cada vez, segundo a segundo, até os pinheiros voltarem a ficar coroados de sol e inflorescências.

Bons Passeios, conheça também o Pinhal de Cabeção e, Boas Festas!

Visite o Fluviário de Mora, onde o rio desagua no sonho!